Em agosto de 2022, o Conselho Consultivo para a Aquicultura (CCA) da União Europeia solicitou um estudo aos nossos investigadores do grupo Fish Ethology & Welfare sobre como melhorar o bem-estar dos peixes de aquacultura e a sua produção. Em dezembro de 2022, o CCA publicou este estudo coordenado pelo nosso investigador João Saraiva em colaboração com os nossos investigadores Jenny Volstor, María Cabrera-Álvarez e Pablo Arechavala-López.

O estudo tem como objetivo fornecer uma visão e aconselhamento à Comissão Europeia, aos Estados-Membros e aos responsáveis europeus sobre os benefícios da utilização do crescente conhecimento do comportamento e da etologia dos peixes de aquacultura.

No relatório é proposta uma definição do significado de bem-estar animal, que por sua vez permite testar, validar e implementar medidas que contribuam para melhoria do bem-estar e da produção de peixes de aquacultura. 

O estudo foca as necessidades comportamentais e de bem-estar das cinco principais espécies cultivadas na União Europeia: robalo, dourada, salmão, truta e carpa. Para além disso, foram ainda identificados os principais desafios enfrentados pelos peixes produzidos em cativeiro: ambientais (qualidade da água, luz, temperatura), etológicos (espaço, densidade, reprodução), fisiológicos (dor, doença, parasitas, stress) e induzidos pelo homem (abate, manipulação, transporte).

Para começar a integrar e acelerar a implementação destas propostas, os investigadores propõem a criação de cursos de formação de diferentes níveis, bem como a criação do Centro Europeu de Referência para o Bem-Estar do Peixe. São ainda propostas prioridades no domínio da investigação sobre o bem-estar de peixes criados em aquacultura na Europa e também prioridades de financiamento.

Tal como é referido no relatório, as prioridades de investigação passam por preencher as lacunas de conhecimento sobre o comportamento natural das espécies cultivadas que podem fornecer informações bastante relevantes para proporcionar bem-estar animal. Os investigadores também sugerem o desenvolvimento de estratégias de enriquecimento ambiental específicas para cada espécie e o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas para monitorizar os peixes.

A preparação deste relatório tem lugar num contexto em que o interesse pelo bem-estar dos peixes cultivados está a começar a crescer exponencialmente na investigação, sensibilização do público, produção e em relação aos decisores políticos.

O relatório está disponível para download e é escrito numa linguagem clara e acessível para todos os interessados: indústria, investigadores, Organizações Não-Governamentais, etc. Pode consultar o relatório AQUI.