Quais os efeitos da acidificação dos oceanos na sensibilidade olfativa dos peixes? | - CCMAR -
 

Quais os efeitos da acidificação dos oceanos na sensibilidade olfativa dos peixes?

 

O olfato nos peixes e a acidificação dos oceanos
Os peixes dependem fortemente do olfato na procura de alimentos, reprodução, deteção de predadores e migração, sendo a avaliação da sensibilidade olfativa essencial para a compreensão do comportamento dos peixes. 
A acidificação dos oceanos resulta do aumento do dióxido de carbono na atmosfera, devido à atividade humana, e tem como consequência a redução do pH da água do mar. A diminuição do pH do oceano pode influenciar a sensibilidade olfativa dos peixes e consequentemente o seu comportamento. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo investigar os efeitos da acidificação dos oceanos na sensibilidade olfativa dos peixes.

 

Método utilizado para avaliar a sensibilidade olfativa dos peixes
Este trabalho apresenta uma abordagem nunca usada por outras equipas, para avaliar os efeitos da acidificação dos oceanos na sensibilidade olfativa dos peixes. A técnica apresentada baseia-se na avaliação da resposta neuronal ao nível do nervo olfativo usando como modelo experimental a dourada (Sparus aurata), uma espécie muito importante para aquacultura. 
Uma diminuição da sensibilidade olfativa implica uma maior aproximação da fonte odorífera para que esta seja detetada, ou seja, torna-se mais difícil a deteção de presas, predadores e potenciais parceiros sexuais. Desta forma, torna-se mais difícil encontrar alimentos e potenciais parceiros, os predadores serão mais difíceis de evitar e a migração pode ser comprometida. Este estudo demonstrou que pequenas diminuições no pH da água do mar reduz a sensibilidade olfativa dos peixes a alguns odores. 

 

A acidificação dos oceanos pode diminuir a sensibilidade olfativa dos peixes?
A técnica proposta apresenta um método complementar e/ou alternativo aos habitualmente usados nos estudos de comportamento e na avaliação dos efeitos da acidificação no sistema neuronal dos organismos marinhos. Neste estudo, foi utilizada a dourada, mas a técnica pode ser usada noutras espécies de peixes e até mesmo noutras famílias de organismos aquáticos (ex. crustáceos e moluscos). O registo no nervo, poderá ser usado para avaliar o efeito de outros fatores antropogénicos na sensibilidade olfativa, por exemplo efeito de plásticos, pesticidas e outros poluentes resultantes da atividade antropogénica. 
Demonstrou-se que uma pequena diminuição de pH (de 8.2 para 7.7) da água do mar, leva á diminuição da sensibilidade olfativa da dourada, porém este efeito não ocorre com todos os odorantes. Desta forma, ocorre uma alteração da perceção dos odores que poderá explicar as alterações comportamentais verificadas em muitas espécies de organismos marinhos quando expostos a um aumento de CO2 e consequente diminuição do pH.

 

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