Investigadores retomam saídas de campo no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina | - CCMAR -
 

Investigadores retomam saídas de campo no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

 

 

Desde o mês de julho que a equipa do CCMAR retomou as saídas do projeto MARSW no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV). Estas campanhas, encontravam-se suspensas devido ao contexto da atual pandemia, mas voltaram em força e cumprindo todas as medidas de segurança a bordo. Estas saídas dedicaram-se a dois temas: a telemetria acústica e as campanhas com recurso a veículos de operação remota (ROV) para mapeamento de habitats. 

Para monitorizar os movimentos e padrões de uso das espécies comerciais sargo-comum (Diplodus sargus) e robalo-legítimo (Dicentrarchus labrax) do PNSACV, os investigadores utilizam a telemetria acústica. A tarefa realizada consistiu na recolha e troca dos recetores acústicos, que em 2018, tinham sido colocados maioritariamente na área de proteção parcial I da baía do Martinhal (área sem pesca; para perceber padrões de uso desta área), com alguns distribuídos ainda pela costa oeste. A recolha e troca dos recetores é feita esporadicamente, mas neste caso, os investigadores do CCMAR ainda não tinham conseguido recolher os recetores, por ser uma costa com condições difíceis para trabalhar na maior parte do ano. Além das dificuldades ambientais, os investigadores nem sempre conseguem encontrar as poitas onde se deixaram os recetores, pois podem ter sido deslocadas por artes de pesca, temporais ou estarem soterradas na areia. Quando encontrados, os recetores são recolhidos pelos investigadores através de mergulho, e, quando chegam a bordo, os dados são descarregados para computador através de uma ligação bluetooth. 

Nos últimos meses, a equipa do CCMAR realizou ainda outra campanha de recolha de imagens dos recifes rochosos do PNSACV com a utilização de um veículo de operação remota (ROV). Desta vez, as imersões foram efetuadas ao longo da costa ocidental. Com a análise dos registos de imagem desta zona, os investigadores podem realizar o mapeamento e caracterização biológica da secção Alentejana do parque.

As imersões efetuadas com o ROV, permitiram observar habitats dominados por comunidades de algas castanhas e vermelhas, rochas colonizadas por mosaicos coloridos de múltiplas espécies de esponjas e algas calcárias, e em zonas mais profundas agregações de esponjas amarelas e zoantídeos. Para além disso, os investigadores encontraram neste fundo marinho várias espécies de peixes comuns neste tipo de fundos na costa continental Portuguesa. Os equinodermes, como os ouriços e os pepinos do mar, as anémonas (Anemonia viridis, Aiptasia spp.) e os zoantídeos (Parazoanthus axinellae), bem como várias esponjas estão entre os invertebrados mais abundantes dos habitats visitados. Infelizmente, para além da biodiversidade encontrada, também foi possível observar lixo marinho e artes de pesca não sinalizadas, ao longo da área marinha do parque e que em várias ocasiões interferiu nas operações de ROV.