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O jantar hoje é: Corvina Americana!

 

A problemática das espécies invasoras
As espécies invasoras são aquelas que se estabelecem em locais fora da sua área de distribuição e que por diversos fatores – como ficarem presas nos cascos de embarcações ou serem introduzidas deliberadamente para consumo ou fins recreativos – chegam a um novo local, adaptam-se à nova região e ficam a viver nessa zona. No entanto, algumas espécies invasoras podem perturbar o funcionamento natural dos ecossistemas e causar perdas a nível económico. O problema causado por algumas espécies invasoras não tem uma solução simples, pois a sua erradicação é muitas vezes impossível após o seu estabelecimento, particularmente em ambientes aquáticos.

A corvina americana, Cynoscion regalis, é uma espécie invasora, originária do Oeste do Oceano Atlântico e está presente em vários locais ao longo da costa atlântica da Península Ibérica. Em 2016, foi detetada pela primeira vez no Algarve, especificamente no estuário do Guadiana. 

O consumo de espécies comestíveis surgiu como uma estratégia de baixo custo para reduzir as populações invasoras. Como a corvina americana já é vendida em mercados no sul de Portugal, parece existir um potencial para iniciar o desenvolvimento de uma pesca direcionada para a diminuição da abundância desta espécie invasora. 

Para descobrir se os consumidores portugueses estariam dispostos a incluir a corvina americana na sua lista de compras e ajudar a controlar esta espécie invasora à mesa, os nossos investigadores do grupo ECOREACH foram investigar a recetividade dos consumidores portugueses de peixe à introdução desta espécie. 

 

Os principais motivos, estabelecidos pelos consumidores, para comprar Corvina Americana
Será que os consumidores estão dispostos a incluir esta espécie na sua lista de compras? Através do estudo realizado pelos nossos investigadores foi possível saber que:

  • 90% dos inquiridos confirmaram que comprariam a corvina americana se a encontrassem à venda no mercado;
  • Os consumidores estão dispostos a pagar 9,5 euros por quilo desta espécie (preço atribuído pelos próprios consumidores);
  • Existiu uma preferência na compra da corvina americana – um peixe selvagem – em comparação aos peixes produzidos em aquacultura, como o robalo ou o sargo. Esta informação pode ser utilizada quando se promover o consumo da espécie junto dos consumidores. 

 

Minimizar os impactos das espécies invasoras 
Com os dados fornecidos pelos inquiridos foi possível concluir que os consumidores de peixe estão dispostos a comprar corvina americana e que existe um grande potencial para implementar um programa de pesca para reduzir o número desta espécie na nossa costa. Este programa de pesca pode beneficiar as comunidades piscatórias locais – como nos estuários do Sado, Mira e Guadiana – uma vez que representa uma fonte adicional de rendimento, transformando uma ameaça ecológica numa oportunidade económica. 
O interesse demonstrado pelos consumidores, chefes de cozinha e meios de comunicação social demonstra que os impactos das espécies invasoras comestíveis podem ser minimizados, assim que existirem dados ecológicos fornecidos pela ciência para implementar um programa de pesca sustentável.

 

Pode encontrar mais informações sobre este estudo AQUI.